terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

A revolução da mente


Agarra o volante, tudo isto passa num instante e tudo é apenas uma momentânea falha de razão que dá lugar a desenvoltura quimica de sentimentos,
mesmo que obsoletos e ridiculos, são direccionais e propositados.
um dia, uma noite, ninguem sabera. o que aconteceu ou está para acontecer estará ou não
pré destinado e então fácil de prever, facil de controlar.
Como um insignificante movimento pode derrubar regimes e fortalezas, sinto me sem as pernas presas e os dedos injectados com adrenalina. a palavra é uma arma e disparo em todas as direcções, mesmo que não haja a culpa há a cumplicidade e corroboração dela, portanto ninguem é inocente. Mas a calma tem de ser mantida mas não contida, uma situação fodida quando olhamos a volta e sentimos a escuridão a consumir-nos nos actos do dia a dia. Compra isto compra aquilo, isto é bom é o resto é lixo. Palavras e opiniões que se tentam deuzificar em dogmas e fleumas fatais que bloqueiam o livre pensamento. Noutras palavras e metafóricamente falando, influencias sobre as mentes são reais, os perigos são reais, a consciencialização opcional, adquirindo formatos polivalentes e caóticos em que se encontram perspectivas embrulhadas em papel de anti-sobriedade por vezes confundido com rebuçados para o pensamento.
Como um matrix fundido com a idiotice, a idioteca implementa livros de como nos devemos revolucionar contra o abstracto, como movimentos de artes marciais da palavras que tentam o derrube mutuo de adversários que se esqueceram da missão politica e conjunta. Tudo é absurdo quando o absurdo que dizemos advem apenas da revolta das palavras quando devia contar a revolução da mente. O tempo é agora...

...quadro: Bardia Khan - A revolução da mente...

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Hino dos porcos


A felicidade está em saldos em qualquer esquina.
Qualquer puta vulgar oferece um momento na compra de dois.
A felicidade está em saldos na nossa cabeça,
E qualquer movimento será pura ilusão.
São ruas sujas com pensamentos em pocilgas.
Cidades habitadas por porcos que cantam hinos,
Escondidos no escuro de esgotos fundos,
Só descobertos por breves intermédios.
O assassino espreita no escuro e espera o instante,
De se arrepender mas ele nunca chega.
Entretanto os porcos marcham em furia,
Onde nos olhos se reflecte a propria vida.
Um raio de luz que nos corta como uma faca,
Cada pensamento, cada iniciativa de criar
Em finas fatias, refinadas de malicia.
Apenas resta a marcha furiosa
A felicidade está fora de moda....

...Quadro - Ódio - M. Zinkevitch...

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Ecos


As luzes lentamente esvanecem e eu estou no chão frio, despido, dormente e praticamente morto. O teatro fechou e todos já foram para as suas quentes casas, com os seus aquecedores e as suas vidas felizes onde os imagino em intermináveis ecos de serões cheios de risos estridentes, a casa invadida com cheiros de algo que está num forno, despreocupados e com os seus animais, os seus amo-tes... E eu, aqui e agora, entrego-me amorfo e sem vontade de quantificar qualquer tipo de movimento, e muito menos qualifica-lo de movimento em si. Tudo me custa e qualquer brisa é uma faca a cortar me os pensamentos de ficar imóvel. O teatro está só e o palco, esférico e outrora azul já não me recebe de braços abertos, com aquela ternura de uma criança, ou serei eu que o... não sei, nem tão pouco me importa, o jogo é sujo mas tenho de o jogar porque nada mais me resta, e está frio, muito frio. A única luz que me aquece é um pequeno foco que dá graças a minha nudez, a minha palidez e tão constante ausência, mas mesmo assim ele continua a morrer como alguem que fecha os olhos pela última vez para nunca mais acordar. O único alimento que me mantem respirável é a imensa vastidão de memórias que me fizeram viver, e ainda fazem e continuarão a fazer. O teatro fechou as portas... E agora. Leva-me para casa e veste-me algo, alimenta-me a alma e livra-me das doenças, autopsia-me para diagnosticar a minha ausência, as suas causas, as suas falhas e todas as suas justificações. Ficou um piano a soar sozinho na escuridão, debaixo dele uma poça de sangue, e cada nota que grita, não a gritará sem ti, cada gota que verte, verterá por ti, cada vida que cria, és tu. Mas o mundo abandonou-me e deixou me aqui...
...Quadro: Bonjour Satanas - Max Ernst...