quarta-feira, 17 de dezembro de 2008


Uma gota contem o nosso mundo, e essa gota, pouco a pouco, foi se tornando o oceano, habitado de lutas, amor e muita vida...
Um grão era o nosso tapete voador ao sabor do vento até se tornar um tornado que leva tudo e faz do velho o novo...
Uma chuva miuda traz os nossos sonhos que de tão fortes fizeram um diluvio...
A noite trouxe-nos os demónios mas as estrelas nos nossos olhos mandaram-os de volta...
Vem para dentro de mim aquecer-te nas minhas veias, sentir o sangue que carrega as letras do teu nome e do nosso futuro....
Quadro: ...Noite estrelada - Van Gough...






terça-feira, 30 de setembro de 2008

Inconclusivo


Não sei, é demasiado confuso tentar pensar. Justamente quando o as nuvens se afastaram para o sol me aquecer a face, veio uma sombra invisivel que me lançou na escuridão. Hoje.... Q..u..e.....ro..es.tttaaa.rrr sem regr.......a.......................as. Regras servem para se partirem, dobrarem ao meio a nosso belo prazer. Foi preciso tentar esquecer-te para te lembrar aínda mais. Odeio-te, aliás, amo-te, mais do que a mim. Não sei... Nada sei... Estou confuso... Será que? Digo para mim próprio que tenho de gostar mais de mim mas é precisamente o contrário que eu faço... If love is a labour i'll slave till the end... lembraste? eu lembro-me. Lembro-me de tudo, às vezes infelizmente. São as pequenas imperfeições que nos tornam únicos, exclusivos, aparentemente saudáveis neste mundo de loucos. A escuridão assombra me e só espero o sinal, uma esperança de felicidade. Isto tudo que escrevo faz sentido? Parece não fazer mas faz, ou então não. Estou louco? Não, isso não, apenas temporáriamente equivocado. Se estivesse louco já tinha desfeito a minha jaula que guarda este animal raivoso. Agora choro, depois de falar contigo ao telefone, de chorar secalhar sem tu notares e é o que continuo a fazer, no escuro. Tudo o que dizes é certo e tens razão mas o amor, ou ódio, o que será, enfim, essa coisa é palpitante e n...a..o.... conheeeeeeeeeeeeeeeeeeeche as r..egr.asss.... Não as quero porque quebrei todos os meus principios que me eram sagrados por ti, mesmo que nao sejam visiveis, mesmo que ninguem se aperceba, este diario de uma mente viajante é dificil e longo, comprido. Tem braços enormes que se esticam para te abraçar, para te alcançar, para sentir o teu cheiro. Nunca pensei sentir isto por ninguem e posso nunca mais te ter, mas ao menos digo te que amei como nunca amei ninguem. Quando digo que não sei é exactamente o oposto. Sei muito bem, sempre soube e errei mas a vida é assim, agora é vive-la.
...Amor interminável - Alfred Gockel...

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Falar com os olhos


Vamos falar com os olhos, vamos olhar a música das nossas vidas e das nossas mortes. Morro? Vivo? Será que sequer respiro? Vamos falar com os olhos, vamos ver o nosso passado e projectar o nosso futuro, vamos chorar, celebrar, dançar e desenhar movimentos perfeitos de tudo o que poderia e poderá ser. Vamos falar com os olhos, fixos na distancia, fixos na proximidade de um sonho, de um tom, de uma lágrima de sangue. Vamos falar com os olhos até eles arderem de saudade e afogados de tanto mergulhar na fantasia. Vamos falar, vamos nos render à ficção de ser, de existir e de respirar. Vamos e não voltemos...

...Quadro: Melayang - Taufik Hidayat...

segunda-feira, 5 de maio de 2008

A impermanencia e a natureza da mente


É algo parecido aos sonhos, que quando acordamos as coisas não estão lá. Tal deve ser regra na vida sem nunca virar costas a bondade e a compaixão entre os seres. A única certeza que temos é a impermanência das coisas e como tal, devemos estar preparados para ela e levar uma vida livre de apegos e cultivar a compaixão no nosso coração. Olhar para dentro é a solução, pois a nossa mente tem duas vertentes, o olhar para fora que é o que vulgarmente fazemos todos os dias em que pegamos em algo vazio que só por si não justifica existir mas quando olhamos para ele, justificamos a sua existência, mas como tudo na vida, é impermanente. Fazemo-lo no trabalho quando tratamos de papeladas, fazemo-lo ao olhar para um objecto, fazemo-lo quando projectamos soluções para um problema e até quando choramos por emoções, por sentimentos. Outro dos lados da mente é o lado de dentro, a verdadeira natureza da mente, o olhar para nós proprios e descobrir quem verdadeiramente somos e isso é uma tarefa árdua porque por vezes assusta porque vivemos numa cultura que não nos preparou para isso, que não nos habituou a esse processo nem tampoco forneceu ferramentas para usufruir dessa natureza que para muitos é desconhecida. A natureza da mente é realmente o caminho para a compaixão, pois a verdadeira compreensão de nós mesmos e do universo que nos rodeia, ajudar-nos-à a compreensão de todos aqueles que nos rodeia com compaixão. Tal só pode ser qdquirido através da meditação e do nosso virar para o eu mas isso são cenas dos próximos capitulos. A reter é que tudo é impermanente e vazio quando só, e apenas faz sentido quando intervem outro elemento na equação. Levemos por exemplo dois amantes em que um é vazio até chegar o outro que desperta as emoções nele. Como o amante solitário, somos todos vazios até algo nos despertar. Despertemo-nos a nós próprios...
...Quadro: Noite persa - Coulter Watt...

segunda-feira, 10 de março de 2008

Buda contemporaneo

Estas ruas estão infectadas por um vírus que nos consome a nós, fantasmas eternos, com a sua boca, um tunel infindável habitado por promessas negras onde todos os olhos estão bem fechados. Esta cidade tornou-se um cemitério onde os mortos-vivos caminham sem preconceitos e são vitimas da animosidade, sempre suspeita, onde as sombras são tudo que usamos. Nada mais aqui vive do que caras pálidas e ocas, a transparência de objectivos vazios... Agora caminhamos por ruas sem nome, desertas e sujas de cinza, sujas como todos nós nos tornaremos em breve, como sempre fomos. Costumamo-nos alimentar de feridas abertas no peito, elas são do tamanho certo para vestir a nossa mortalha, a qual usamos tão bem todos os dias... Todos nós nascemos e vivemos um dia para morrer...

...Quadro: Kazuya Akimoto - Buda de boca aberta...

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

A revolução da mente


Agarra o volante, tudo isto passa num instante e tudo é apenas uma momentânea falha de razão que dá lugar a desenvoltura quimica de sentimentos,
mesmo que obsoletos e ridiculos, são direccionais e propositados.
um dia, uma noite, ninguem sabera. o que aconteceu ou está para acontecer estará ou não
pré destinado e então fácil de prever, facil de controlar.
Como um insignificante movimento pode derrubar regimes e fortalezas, sinto me sem as pernas presas e os dedos injectados com adrenalina. a palavra é uma arma e disparo em todas as direcções, mesmo que não haja a culpa há a cumplicidade e corroboração dela, portanto ninguem é inocente. Mas a calma tem de ser mantida mas não contida, uma situação fodida quando olhamos a volta e sentimos a escuridão a consumir-nos nos actos do dia a dia. Compra isto compra aquilo, isto é bom é o resto é lixo. Palavras e opiniões que se tentam deuzificar em dogmas e fleumas fatais que bloqueiam o livre pensamento. Noutras palavras e metafóricamente falando, influencias sobre as mentes são reais, os perigos são reais, a consciencialização opcional, adquirindo formatos polivalentes e caóticos em que se encontram perspectivas embrulhadas em papel de anti-sobriedade por vezes confundido com rebuçados para o pensamento.
Como um matrix fundido com a idiotice, a idioteca implementa livros de como nos devemos revolucionar contra o abstracto, como movimentos de artes marciais da palavras que tentam o derrube mutuo de adversários que se esqueceram da missão politica e conjunta. Tudo é absurdo quando o absurdo que dizemos advem apenas da revolta das palavras quando devia contar a revolução da mente. O tempo é agora...

...quadro: Bardia Khan - A revolução da mente...

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Hino dos porcos


A felicidade está em saldos em qualquer esquina.
Qualquer puta vulgar oferece um momento na compra de dois.
A felicidade está em saldos na nossa cabeça,
E qualquer movimento será pura ilusão.
São ruas sujas com pensamentos em pocilgas.
Cidades habitadas por porcos que cantam hinos,
Escondidos no escuro de esgotos fundos,
Só descobertos por breves intermédios.
O assassino espreita no escuro e espera o instante,
De se arrepender mas ele nunca chega.
Entretanto os porcos marcham em furia,
Onde nos olhos se reflecte a propria vida.
Um raio de luz que nos corta como uma faca,
Cada pensamento, cada iniciativa de criar
Em finas fatias, refinadas de malicia.
Apenas resta a marcha furiosa
A felicidade está fora de moda....

...Quadro - Ódio - M. Zinkevitch...

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Ecos


As luzes lentamente esvanecem e eu estou no chão frio, despido, dormente e praticamente morto. O teatro fechou e todos já foram para as suas quentes casas, com os seus aquecedores e as suas vidas felizes onde os imagino em intermináveis ecos de serões cheios de risos estridentes, a casa invadida com cheiros de algo que está num forno, despreocupados e com os seus animais, os seus amo-tes... E eu, aqui e agora, entrego-me amorfo e sem vontade de quantificar qualquer tipo de movimento, e muito menos qualifica-lo de movimento em si. Tudo me custa e qualquer brisa é uma faca a cortar me os pensamentos de ficar imóvel. O teatro está só e o palco, esférico e outrora azul já não me recebe de braços abertos, com aquela ternura de uma criança, ou serei eu que o... não sei, nem tão pouco me importa, o jogo é sujo mas tenho de o jogar porque nada mais me resta, e está frio, muito frio. A única luz que me aquece é um pequeno foco que dá graças a minha nudez, a minha palidez e tão constante ausência, mas mesmo assim ele continua a morrer como alguem que fecha os olhos pela última vez para nunca mais acordar. O único alimento que me mantem respirável é a imensa vastidão de memórias que me fizeram viver, e ainda fazem e continuarão a fazer. O teatro fechou as portas... E agora. Leva-me para casa e veste-me algo, alimenta-me a alma e livra-me das doenças, autopsia-me para diagnosticar a minha ausência, as suas causas, as suas falhas e todas as suas justificações. Ficou um piano a soar sozinho na escuridão, debaixo dele uma poça de sangue, e cada nota que grita, não a gritará sem ti, cada gota que verte, verterá por ti, cada vida que cria, és tu. Mas o mundo abandonou-me e deixou me aqui...
...Quadro: Bonjour Satanas - Max Ernst...

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

O fiel companheiro


Hoje é um bom dia para o silêncio, sem palavras e pensamentos de qualquer espécie. Apenas quilómetros e quilómetros de mudo e por entre rios e montanhas onde eu voarei só. Está um bom dia para estar sóbrio, despido, mas por outro lado está tudo de rastos onde apenas o silêncio é meu fiel companheiro e que por entre os lençois eu canto, sempre só, sempre em silêncio. Um livro por escrever é sempre um amigo de confiança quando nele escrevemos os nossos erros passados, ele ensina-nos e mostra-nos como sangrar tudo isso em silêncio com a companhia de o que há de mais importante para nós... Nós... Encerro a minha boca e serro os dentes antes de rebentar, sou cego surdo e mudo. Sou um marinheiro há muito perdido e o meu silêncio é o meu barco.
...O nascer do sol - Claude Monet...