Estas ruas estão infectadas por um vírus que nos consome a nós, fantasmas eternos, com a sua boca, um tunel infindável habitado por promessas negras onde todos os olhos estão bem fechados. Esta cidade tornou-se um cemitério onde os mortos-vivos caminham sem preconceitos e são vitimas da animosidade, sempre suspeita, onde as sombras são tudo que usamos. Nada mais aqui vive do que caras pálidas e ocas, a transparência de objectivos vazios... Agora caminhamos por ruas sem nome, desertas e sujas de cinza, sujas como todos nós nos tornaremos em breve, como sempre fomos. Costumamo-nos alimentar de feridas abertas no peito, elas são do tamanho certo para vestir a nossa mortalha, a qual usamos tão bem todos os dias... Todos nós nascemos e vivemos um dia para morrer...
...Quadro: Kazuya Akimoto - Buda de boca aberta...
segunda-feira, 10 de março de 2008
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