segunda-feira, 10 de março de 2008

Buda contemporaneo

Estas ruas estão infectadas por um vírus que nos consome a nós, fantasmas eternos, com a sua boca, um tunel infindável habitado por promessas negras onde todos os olhos estão bem fechados. Esta cidade tornou-se um cemitério onde os mortos-vivos caminham sem preconceitos e são vitimas da animosidade, sempre suspeita, onde as sombras são tudo que usamos. Nada mais aqui vive do que caras pálidas e ocas, a transparência de objectivos vazios... Agora caminhamos por ruas sem nome, desertas e sujas de cinza, sujas como todos nós nos tornaremos em breve, como sempre fomos. Costumamo-nos alimentar de feridas abertas no peito, elas são do tamanho certo para vestir a nossa mortalha, a qual usamos tão bem todos os dias... Todos nós nascemos e vivemos um dia para morrer...

...Quadro: Kazuya Akimoto - Buda de boca aberta...

2 comentários:

Maria disse...

É a única certeza que temos na vida, a morte. How ironic... *

pinkas disse...

Acredito...

Porem,já alguma vez morreste?Eu não.
Há dias em que acordo e gosto de pensar que alguns são imortais.Mesmo os mortos-vivos que passam por mim na rua.