sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

A necessidade de voar


Escrevo porque preciso, não porque quero. Os dedos ganham asas como quem paira no ar e olha um lago gelado numa manhã ártica onde tudo é sentido e suave. Um livro é sem dúvida o nosso melhor amigo quando nele deixamos lá todos os nossos erros passados, despidos e crús. É um lembrete, uma sentinela sensorial, um relógio despertador que nos acorda todas as manhãs para nos lembrar que nunca é tempo para desistir mas que é sempre tempo de tentar emendar o que fizémos de mal. O tempo é, no fim de contas, o nosso melhor amigo, uma obra prima sem rosto mas ao mesmo tempo com milhares porque todos nós somos o tempo e o tempo é nosso. Escrevo por necessidade. Escrevo porque se não escrever morro por dentro e lá dentro, mesmo no fundo quero viver. Recuso-me a morrer. Nas veias corre-me o sangue quente que me aquece a alma e serve como tinta para escrever histórias de lutas, desabafos e afins. Dizem que a necessidade é um mau negociador, talvez seja verdade, talvez não, mas é o que é, uma necessidade efémera porque de sonhos vivemos todos... Todos nós temos necessidade de voar... Voem...
...Quadro: Gaivota da antártida, Toshi Yoshida...

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